17.8.09

LIVRO DE PAPEL


"Depois de alguns anos,
aprendi a sonhar com ela."


Criaturas-livros, paisagens-textos, poemas-passagens: sonhos bordados à mão. Palavras minuciosamente pensadas para compor um "Livro de Papel". A linguagem, "movida a paixões", carrega o leitor para uma viagem visceral, uma leitura pelo interior do interior do interior. Do de dentro das palavras, a bioescrita: uma memória ficcional se faz retratando biografias de seres que não existem, seres-origamis tomando forma sobre o papel, seres como Ana, que vive, sonha, ama, escreve cartas, se veste de delicadezas, se veste para a guerra, se veste de vermelho... Ana que coabita a vida da gente.

Deusas, bruxas, santas... Rins, umbigos, pernas, corpos de estruturas sensíveis povoando um universo poético onde rigor de construção e riqueza de significação se entremeiam.
"A arte, a delicadeza", tudo muito caprichoso, de extremo bom gosto: desde a seda azul que envolve o livro às texturas da linguagem.

Enfim, "Livro de Papel" são infinitos traços de um sumiê delicado que retrata personagens com vivências concentradas, personagens como eu, você, Dr. Frederico, Mário, Marta, Mariana...

Parabéns, Adriana, por mais este sonho e obrigado pelas inúmeras fantasias de papel.

*Texto de Hugo Lima sobre livro de Adriana Versiani, lançado em agosto de 2009.